30 de jul. de 2009

Fotografia

No canto da boca, o riso incompleto de alguém que ainda não disse tudo. Estranhou vê-la, assim, congelada numa tela de computador... Tudo, então, ressurgiu vívido e quente em sua memória: o olhar desconfiado, sem entrega, de quem sempre temeu o pior, a urgência de vida pulsando nos seus pequenos gestos incompletos, as impossibilidades, os caminhos sem convergência. Sob a transparência da blusa branca, relembra contornos ainda não esquecidos e, secretamente, afaga-lhe a pele, a boca, os olhos e, por fim, envolve-se em suas delicadas mãos, como tantas vezes o fez, sobre aquele mesmo fundo azul em que escreveram suas incompreensíveis histórias de amor.

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