28 de mar. de 2010

Se te devo

Devo
um riso triste
Ao desperdício do desejo.
Devo
um olhar morto
À poesia não dita.
Devo
palavras ásperas
A respostas nunca escritas.
É verdade,
Devo.
Muito do que sou
A alguém que não reconheço.

21 de jan. de 2010

Campo alheio

Ando meio infértil de palavras... Será que já se disse tudo o que havia para ser dito? Colho, então, em campo alheio, sementes do que nunca plantei.

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"

Florbela Espanca, Cartas a Guido Battelli