[...] Nesse mesmo pátio em que se estreava meu coração, tudo iria, afinal, acabar. Porque ele anunciou tudo nesse poente. Que a paixão dele desbrilhara. Sem nada mais, nem outra mulher havendo. Só isso: a murchidão do que, antes, florescia. Eu insisti, louca de tristeza. Não havia mesmo outra mulher? Não havia. O único intruso era o tempo, que nossa rotina deixara crescer e pesar. Ele se chegou e me beijou a testa. Como se faz a um filho, um beijo longe da boca. Meu peito era um rio lavado, escoado no estuário do choro.
Trecho do conto "A despedideira", de Mia Couto (In: O fio das missangas, Cia das Letras, 2009).
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Um comentário:
Que triste, doeu-me.
Vai lá, veja o Mia e depois faz síntese aqui. Pode ser?
Bj
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