29 de jul. de 2008

Os russos do avião

No vôo de ida, havia um moço russo sentado do meu lado. Quer dizer, eu acho que ele era russo porque falava uma língua muito estranha que resolvi que era parecida com o som do russo. Eu tive de pedir "licença" duas vezes pra ele: uma quando cheguei e outra quando precisei pegar um livro na minha bolsa que estava no compartimento de bagagens. Da primeira vez, como o vôo ia pra Argentina e ele tinha uma super cara de gringo, mandei um "con permiso" básico. Ele levantou e praguejou alguma coisa com um senhor que estava atrás dele. Imediatamente, um cara que estava na fileira da frente retrucou alguma coisa também em russo e os três engataram uma conversa que devia ser muito engraçada, cheia de R's e CH's e risadas. Aí eu pensei "por que diabos, se os 3 estão juntos, sentaram um atrás do outro na fileira do corredor?"
Assim que o avião decolou, eu percebi que havia deixado meu livro na bolsa e teria de incomodar o gringo de novo, mas ele já roncava. O russo mais velho estava no banco de trás e lia o "El Clarín". O da frente parecia ser mais novo e também roncava. Alguns minutos depois, começaram a servir comidinhas e a "azafata" chegou pra ele e perguntou em inglês "chicken or pasta?" Imediatamente ele olhou pro russo da retaguarda e falou qualquer coisa ininteligível que, traduzida, devia soar como "que aeromoça gostosa" porque o russo da frente começou a rir, depois o outro e por fim ele mesmo caiu na gargalhada. A pobre ficou ali com aquela carinha de kolynos esperando uma resposta e ele rindo. Eu já estava irritadíssima, tentando entender por que os caras riam tanto, quando ele, delicadamente, apontou pro frango. A moça serviu e se mandou rapidamente.
Depois que comemos, eu resolvi pegar o meu livro e mandei um "excuseme" já me levantando, pra garantir que ele ia entender. Ele levantou e - É CLARO! - aproveitou pra iniciar a conversa engraçada mais uma vez com os outros dois, enquanto esperava que eu me sentasse. Eu peguei o Barthes que me aguardava na bolsa, "thankyou", virei pra Juju e, baixinho, mandei um "Skavuska!" Pronto! Daí em diante, a cada vez que um dos três falava alguma coisa, a gente rebatia com um "na Sibéria não tem nada disso!" Rimos pra caramba.
O que me incomoda é que até agora não sei por que eles estavam rindo tanto... Vai ver que o comercial da NET de lá tem uma musiquinha que diz "Em São Paulo não tem nada disso"... Vai saber...

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