20 de fev. de 2008

Cinema redescoberto

No século passado, quando ainda estudava Filosofia, saía da FFLCH e ia até um ponto de ônibus que ficava bem em frente à Fac.de Educação pra pegar carona. Quando dava sorte de aparecer alguém indo pra Paulista, eu ia ao cinema. Sozinha. Descia perto da Consolação e ia até o Belas Artes. Ou então, vinha andando pela avenida, sentido Brigadeiro, até o prédio da Gazeta, e ia ao Cine Gazeta (era assim que se chamava antes de virar Reserva Cultural). Eu adorava ir ao cinema sozinha, desfrutar de um prazer que era só meu. Depois, não sei exatamente o porquê, resolvi que não gostava mais de ir ao cinema sozinha e, como nem sempre se tem uma companhia a fim de assistir ao mesmo filme que você (no mesmo horário e no mesmo lugar), minhas idas diminuíram bastante.
Passei, então, a ir sempre acompanhada, e acabei descobrindo companhias ótimas, outras nem tanto, algumas mais ou menos. Descobri a companhia profissional: aquele amigo com quem você se encontra só pra ir ao cinema (e é ótimo!); a companhia chata: aquele que, por algum motivo, não gostou do filme e fica reclamando o tempo todo, dizendo que preferia ter ido ao “filmetal”. Descobri a companhia perfeita: o que se emociona pelo mesmo motivo que você, que entende o filme do mesmo jeito que você, que discute aquela cena legal, que é capaz de falar horas e horas sobre o filme, depois, num café. Descobri que nem todo amigo é boa companhia pra cinema e que há amigos “Hollywood”, amigos “Woody Allen” e amigos “Godard”. Descobri que eu devo ser uma péssima companhia, pois tenho a mania horrível de ficar fazendo previsões sobre a próxima cena, um saco, enfim.
Essa semana redescobri o prazer de ir ao cinema sozinha. Havia muito tempo que não fazia isso, sabe? Abri o Guia da Folha como quem não quer nada e lá estava: “Meu nome não é Johnny”, Market Place, 13h50. Olhei no relógio, 13h20, pensei: dá tempo. Fazia um tempão que eu queria assistir a esse filme e nunca dava certo de alguém ir comigo. Fui.
Fui e lavei a minha alma. Primeiro porque eu A-DO-RO o Selton Melo, sou fã de carteirinha, daquelas que são capazes de dar vexame quando, por acaso, encontram o cara em algum lugar; segundo porque é impossível ser mãe e não se emocionar em algum momento assistindo àquele filme; terceiro porque redescobri que é possivel, sim, ir ao cinema sozinha. Ainda que eu não seja a companhia perfeita.

Um comentário:

Mercado Nacional disse...

Já viu o resultado lá no blog ????
Corre lá !
beijocas